"Os povos indígenas e os camponeses têm soluções para enfrentar a
mudança climática!” Isso é o que afirma a Via Campesina em uma
convocatória para mobilização mundial. A ação, promovida pela
organização camponesa e pelo Movimento dos Sem Terra da África do Sul,
acontecerá no marco das discussões da XVII Conferência das Partes
(COP17) da Convenção sobre Mudança Climática das Nações Unidas, marcada
para ocorrer entre os dias 28 de novembro e 9 de dezembro em Durban,
África do Sul.
A ideia, de acordo com o documento, será reunir camponeses e
movimentos sociais de várias partes do mundo na cidade sul-africana para
exigir justiça climática. Durante os dias da COP17, as organizações
sociais realizarão atividades e manifestações relacionadas à temática.
Exemplo disso será a II Assembleia de Mulheres Rurais do Sul da África,
que ocorrerá de 30 de novembro a 2 de dezembro.
No dia 3 de dezembro, a Via Campesina, juntamente com outras organizações sociais, promoverão o Dia de Ação Global com o objetivo de exigir justiça climática. Dois dias depois, realizarão um Dia Especial pela Agroecologia e pela Soberania Alimentar.
A intenção será rechaçar as negociações tomadas nas edições
anteriores da COP e pressionar os governos para que considerem a
soberania alimentar como solução para mudança climática. "Converteram as
negociações sobre o clima em um gigantesco mercado”, considera Via
Campesina em relação às discussões dos governos durante as Conferências.
De acordo com o documento da organização, a maioria dos governos
participantes da COP16, realizada no México, - com exceção da Bolívia -
se reuniu apenas para negociar com empresas multinacionais "falsas
soluções” para a mudança climática, como a Redução das Emissões
derivadas do Desmatamento e da Degradação Florestal (REDD) e a
utilização dos organismos geneticamente modificados (OGM).
"Nossos governos têm condenado conjuntamente (e em um contexto de
mercado) a África e o sul da Ásia a uma incineração virtual, cujas
primeiras vítimas são os camponeses destes continentes, dado que as
temperaturas crescentes criam um ambiente inclusive mais hostil que o
habitual para os cultivos, o gado e os seres humanos. A maioria dos
governos ignorou os Princípios de Cochabamba, que estabelecem um marco
de atuação claro para impedir o aquecimento global e proteger a Mãe
Terra”, comenta.
Segundo o comunicado de Via Campesina, pelo menos 44% de todas as
emissões de gases de efeito estufa são geradas por conta do sistema
alimentício atual. Contribuem para isso: o transporte de alimentos que
poderiam ser produzidos localmente, o uso excessivo de petróleo e
substâncias químicas, as monoculturas e os desmatamentos.
De acordo com a organização camponesa, tais emissões de gases
poderiam ser reduzidas consideravelmente a partir de uma mudança na
forma de produzir os alimentos, baseando-se na soberania alimentaria, ou
seja, através de práticas sustentáveis, com produção local e
diversificada.
Para isso, Via Campesina indica que seguirá com ações de
fortalecimento da agroecologia e na luta pela reforma agrária e contra a
inclusão da agricultura camponesa nos mecanismos de financiamento de
carbono.
"Daremos voz aos pequenos proprietários de explorações agrícolas e
camponeses para que estejam presentes com outros setores da sociedade
civil na COP17 de Durban e no Rio+20 no Brasil e mostrem nossa oposição
às falsas soluções contra a mudança climática e peçam a adoção dos
Princípios de Cochabamba. Insistiremos na Agricultura Sustentável
realizada por Pequenos Produtores e na Soberania Alimentar como as
soluções mais importantes para a mudança climática”, finaliza.
Karol Assunção
Jornalista da Adital
Fonte:www.adital.com.br
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