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terça-feira, 27 de setembro de 2011

PIB envenenado


Qual seria realmente o tamanho do PIB mundial, particularmente o brasileiro, se livre do lixo econômico que ajuda inflar seu corpo?
As últimas informações nos dizem que o PIB real do mundo é cerca de 60 trilhões de dólares, enquanto o especulativo é de 600 trilhões de dólares. Portanto, dez vezes mais.
Mas não é do lixo inflacionário que falo agora, mas daquele que é literalmente envenenado, o caso brasileiro.
O chamado PIB do agronegócio em 2010 foi estimado em R$ 821,1 bilhões. Destes, R$ 88,8 bilhões foram da cadeia de insumos, R$ 217,5 bilhões no campo, R$ 251,4 bilhões na indústria e R$ 263,4 bilhões na distribuição. (http://www.ourofino.com/noticias/mercado/2011/06/14).
Entretanto, faz parte desse monumento econômico tudo que se gasta com veneno, aquele consumido basicamente pelos brasileiros numa média de 5,2 litros por pessoa ao ano. Evidentemente o veneno entra na lista dos insumos.
Segundo Raquel Maria Rigoto, desde 2008 o Brasil se tornou o maior consumidor mundial de agrotóxicos, movimentando 6,62 bilhões de dólares (http://conflitosambientaismg.lcc.ufmg.br).
Esse é o tamanho econômico do PIB envenenado. Mas, temos que ressaltar que a venda de aeronaves destinadas à borrifarão, o custo dos pilotos, etc está embutido na dimensão industrial do agronegócio.
Portanto, no PIB mundial, se formos descartar o orçamento militar, por exemplo, ele encolherá substancialmente. Se formos descartar a indústria dos venenos, tanto em termos mundiais como em termos brasileiros, ele encolherá também significativamente.
Os movimentos sociais da Via Campesina estão promovendo uma campanha permanente contra o uso dos agrotóxicos. É uma campanha pela saúde brasileira.
Portanto, nem tudo que é PIB presta. Há muita especulação, muito lixo, muito veneno inflando a tal riqueza brasileira.
Enfim, PIB não é sinônimo de qualidade, mas apenas a contabilidade econômica de tudo que se produz, indo das armas aos venenos, passando inclusive pela lavagem do dinheiro do tráfico.

Por Roberto Malvezzi (Gogó)
Fonte: Brasil de Fato 

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