Hoje em
Altamira o que todo mundo comenta são as vagas de empregos ofertadas na cidade.
Na televisão, anúncios de vagas para trabalhar como se fosse um produto à venda
em promoção. Andando pelo comércio, aqui ou ali se vê uma placa de vaga de
emprego, tudo realmente que Altamira precisava.
Mas, quais
são realmente as condições de trabalho a que são submetidos esses
trabalhadores? Vamos fazer uma análise dos trabalhadores de duas grandes
empresas que estão presentes aqui, Em Casa e Consórcio Construtor Belo Monte.
A Em Casa foi
a primeira a assumir uma grande obra em Altamira, a construção do conjunto
habitacional do projeto Minha Casa Minha Vida, empregando vários trabalhadores.
Por diversas vezes ouvi dos trabalhadores dessa empresa os maus tratos por
parte das chefias, até caso de racismo já houve, quando um dos mestres de obra
reclamou a um dos funcionários chamando-o de “nego”. Outro caso, foi de um
trabalhador que adoeceu, ficando impossibilitado de trabalhar por alguns dias e
ao retornar ao serviço foi demitido.
No Consórcio
Construtor Belo Monte a maioria dos funcionários trabalham na zona rural, eles
vão e voltam todos os dias enquanto os alojamentos não estão feitos. Todos os
dias de madrugada, de segunda a sábado, encontramos em vários pontos da cidade
homens e mulheres esperando o ônibus para irem ao trabalho.
Para a
empresa, as jornadas de trabalho dessas pessoas iniciam somente quando chegam
ao canteiro de obra, mas se observarmos direito começa quando chegam ao ponto
de ônibus e saem para enfrentar a Transamazônica por horas e depois ocupar suas
funções de fato.
Depois que os
alojamentos ficarem prontos os trabalhadores passarão a semana fora de casa, o
que significa várias mães e pais deixarão seus filhos na cidade com os
parentes, ou pagarão alguém para cuidá-los. Essa separação forçada da família é
por uns míseros R$ 572,00 mensais na carteira, aí vem mais as gratificações
fazendo chegar a um total máximo de algo em torno de R$ 750,00.
Mas para
todos, esses empregos é a salvação da lavoura, o cumprimento do milagre
prometido. E por quê? Primeiramente devemos compreender todo o processo para
chegarmos ao presente cenário.
O sistema
capitalista quando quer implantar um projeto, primeiramente cria todas as
condições para gerar um ambiente favorável à aceitação e o máximo de lucro
possível. Antes, os altamirenses e toda região da Transamazônica e Xingu viviam
basicamente pelo emprego gerado pelas prefeituras e comércio local.
Até hoje para
conseguir um cargo em qualquer prefeitura da região é obrigado ter indicação
política de prefeito (a),vereadores e seus assessores. O comércio local sempre
operou num sistema de muita exploração de seus trabalhadores com jornadas de
trabalhos excessivas e remuneração muito aquém da necessidade.
E por fim,
como conseqüência do fechamento das madeireiras, nos últimos tempos chegou ao
mais alto nível de desemprego na região. Temos assim então uma precarização
total da mão-de-obra.
Conseqüentemente,
é dada ao trabalhador a chamada Alternativa Infernal, ou um emprego com péssimas condições de trabalho e mal
remunerado, ou fica desempregado. Desta forma o proletariado altamirense vende
sua mão-de-obra feliz da vida sem perceber ou sem condições de se libertar do alto nível
de exploração ao qual são submetidos.
O capital
antes de tudo aumentou ao máximo o exército de reserva, ou os pais e mães de família
aceitam o que lhes são impostos ou continuarão desempregados, pois esse
exército de reserva a cada dia cresce com as pessoas que chegam à região em
busca do seu lugar ao sol. A questão que fica no ar é: como organizar esse
proletariado, e quem os organizarão?
Por Maria
Fernanda Linhares
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