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"Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros". (Che Guevara)

domingo, 25 de setembro de 2011

Como perceber a exploração?


Hoje em Altamira o que todo mundo comenta são as vagas de empregos ofertadas na cidade. Na televisão, anúncios de vagas para trabalhar como se fosse um produto à venda em promoção. Andando pelo comércio, aqui ou ali se vê uma placa de vaga de emprego, tudo realmente que Altamira precisava.
Mas, quais são realmente as condições de trabalho a que são submetidos esses trabalhadores? Vamos fazer uma análise dos trabalhadores de duas grandes empresas que estão presentes aqui, Em Casa e Consórcio Construtor Belo Monte.
A Em Casa foi a primeira a assumir uma grande obra em Altamira, a construção do conjunto habitacional do projeto Minha Casa Minha Vida, empregando vários trabalhadores. Por diversas vezes ouvi dos trabalhadores dessa empresa os maus tratos por parte das chefias, até caso de racismo já houve, quando um dos mestres de obra reclamou a um dos funcionários chamando-o de “nego”. Outro caso, foi de um trabalhador que adoeceu, ficando impossibilitado de trabalhar por alguns dias e ao retornar ao serviço foi demitido.
No Consórcio Construtor Belo Monte a maioria dos funcionários trabalham na zona rural, eles vão e voltam todos os dias enquanto os alojamentos não estão feitos. Todos os dias de madrugada, de segunda a sábado, encontramos em vários pontos da cidade homens e mulheres esperando o ônibus para irem ao trabalho.
Para a empresa, as jornadas de trabalho dessas pessoas iniciam somente quando chegam ao canteiro de obra, mas se observarmos direito começa quando chegam ao ponto de ônibus e saem para enfrentar a Transamazônica por horas e depois ocupar suas funções de fato.
Depois que os alojamentos ficarem prontos os trabalhadores passarão a semana fora de casa, o que significa várias mães e pais deixarão seus filhos na cidade com os parentes, ou pagarão alguém para cuidá-los. Essa separação forçada da família é por uns míseros R$ 572,00 mensais na carteira, aí vem mais as gratificações fazendo chegar a um total máximo de algo em torno de R$ 750,00.
Mas para todos, esses empregos é a salvação da lavoura, o cumprimento do milagre prometido. E por quê? Primeiramente devemos compreender todo o processo para chegarmos ao presente cenário.
O sistema capitalista quando quer implantar um projeto, primeiramente cria todas as condições para gerar um ambiente favorável à aceitação e o máximo de lucro possível. Antes, os altamirenses e toda região da Transamazônica e Xingu viviam basicamente pelo emprego gerado pelas prefeituras e comércio local.
Até hoje para conseguir um cargo em qualquer prefeitura da região é obrigado ter indicação política de prefeito (a),vereadores e seus assessores. O comércio local sempre operou num sistema de muita exploração de seus trabalhadores com jornadas de trabalhos excessivas e remuneração muito aquém da necessidade.
E por fim, como conseqüência do fechamento das madeireiras, nos últimos tempos chegou ao mais alto nível de desemprego na região. Temos assim então uma precarização total da mão-de-obra.
Conseqüentemente, é dada ao trabalhador a chamada Alternativa Infernal, ou um emprego com péssimas condições de trabalho e mal remunerado, ou fica desempregado. Desta forma o proletariado altamirense vende sua mão-de-obra feliz da vida sem perceber  ou sem condições de se libertar do alto nível de exploração ao qual são submetidos.
O capital antes de tudo aumentou ao máximo o exército de reserva, ou os pais e mães de família aceitam o que lhes são impostos ou continuarão desempregados, pois esse exército de reserva a cada dia cresce com as pessoas que chegam à região em busca do seu lugar ao sol. A questão que fica no ar é: como organizar esse proletariado, e quem os organizarão?
Por Maria Fernanda Linhares

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