Desde
o século 19, pensadores como Karl Marx (1818 - 1883), o economista
francês Clement Juglar (1819-1905), o economista marxista russo Nicolai
Kondraitieff (1892-1938), o economista austríaco Joseph Schumpeter
(1883-1950), têm se dedicado ao estudo das crises do sistema
capitalista. E bem assim, muitos outros, como o nosso Ignácio Rangel
(1914 –1994) e, mais recentemente, o canadense Iam Gordon.
É
notório – e os estudos de Kodraitief e Gordon demonstram isso -, há
fortíssima correlação entre as crises e as guerras, tanto as grandes
guerras como as “menores”, principalmente aquelas em que os EUA são
participantes destacados. A razão é óbvia: as guerras, em todos os
tempos, sempre serviram para consolidar o poder econômico e político dos
dominantes. No período do predomínio do capitalismo as guerras têm tido
uma dupla finalidade adicional: obter vantagens diretas com a venda de
instrumentos de guerra cada vez mais sofisticados e - após a destruição
realizada -, com a reconstrução dos escombros!
Dentre os fatos
econômicos e políticos relevantes ocorridos no período que vai desde o
inicio do século 18 até os dias de hoje - conforme estudo que se
encontra mais detalhado no meu livro Capitalismo Terminal,
recentemente publicado – ocorreram várias crises, sendo que a primeira
crise econômica e financeira se deu em 1720, na Inglaterra, produzida
por uma onda especulativa que decretou a quebra de uma companhia
marítima e do banco Law.A segunda ocorreu um século e meio depois, de
1873 a 1896, cujo estopim foi o colapso da Bolsa de Viena e produziu a
primeira grande depressão. As consequências principais foram falências
de bancos europeus e norte-americanos, o desemprego, a pobreza, a
miséria, isto é, o de sempre!
Daí em diante, os períodos entre as
crises foram se estreitando cada vez mais. Assim, tivemos a crise de
1882, na França - ainda dentro da grande depressão de 1873/96 – com a
quebra do Banco Unión Gènérale e queda nas Bolsas de Valores de Paris e
Lion.
Em 1907, após vinte e cinco anos, empréstimos sem limitação
produziram um efeito dominó com queda de ações e até ameaça de falência
da Prefeitura de Nova York.
Depois de vinte e dois anos, em 1929,
ocorreu uma grande onda especulativa que produziu a crise mais analisada
e comentada até hoje. Suas consequências se estenderam pela década de
1930, inclusive o início da 2ª Guerra Mundial. Em 1973, com a criação da
OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) ocorreu um
grande e rápido aumento dos preços do petróleo e a chamada crise do
petróleo.
Em 1981, uma crise iniciada nos EUA repercutiu
fortemente na América Latina, inclusive no Brasil. Decorridos seis anos,
em 1987, gastos excessivos do governo americano produziram uma bolha
especulativa que produziu quedas recordes nas bolsas americanas, com
reflexos no mundo todo.
Em 1994 deu-se a crise do México, a qual
teve como maior conseqüência a “compra” daquele país e a expropriação de
suas reservas petrolíferas. Em 1997, foi o caso da chamada crise
asiática, repicada pela crise da russa, em 1998. Em 2000 estourou a
bolha internética, com a crise das chamadas “empresas ponto com”. No ano
seguinte aconteceu o terrível onze-de-setembro. Em 2001, foi a vez da
crise argentina, ainda como decorrência dos desmandos do governo Menen.
A
crise de 2008, apesar de facilmente previsível, teve gravidade,
profundidade e abrangência bem maiores do que as últimas precedentes.
Aliás, perdura até hoje, aos “solavancos” e sempre ameaçadora, como está
mais do que evidenciado neste momento.
Pela seqüência acima,
constata-se que no período de dois séculos e meio, isto é, até meados
dos anos 1970, ocorreram seis crises. No período subsequente, de apenas
três décadas, denominado neoliberal, ocorreram oito! Assim, a
periodicidade das crises do capital é cada vez menor. Pergunta-se:
quando elas se tornarão mensais, semanais ou diárias? Quem se atreve a
garantir que isso é impossível?
Para completar esta análise, vamos
examinar brevemente algumas teorias a respeito dos ciclos, cujo exemplo
físico, clássico, é o movimento pendular.
Quanto
aos ciclos econômicos, algumas teorias têm mostrado que,
independentemente de suas dimensões e épocas, eles obedecem a uma
seqüência de seis etapas que podem ser assim sintetizadas: 1. transição
do velho para o novo; 2. infância do ciclo; 3. maturidade do ciclo; 4.
auto-questionamento e ajustes; 5. envelhecimento do ciclo; 6. transição
para o “novo” novo.
Pela análise aqui procedida, tudo indica que o
sistema capitalista está entre as fases 5 e 6, ou seja, caminhando
rapidamente para o final de sua existência. E, de modo concomitante,
está sendo gestado um “novo novo” modelo realmente humano, social,
ecológico, político e econômico. Nessa ordem de prevalências. Todavia,
ele está ainda em estado utópico (do grego ‘u topos’ = fora de
lugar). Em outras palavras, ele já existe sem estar totalmente visível. E
apenas pode ser perceptível a olhares muito atentos, destituídos das
viseiras impostas pelo status quo ideológico vigorante no nosso cotidiano.
Nesse
sentido, todo o esforço que vem sendo feito para manter o “doente na
UTI”, sob a esperança de uma última tentativa de “ressuscitação”, tem
tudo para ser inútil. Por quê?
Porque é possível enganar algumas
pessoas por muito tempo ou várias pessoas por algum tempo, porém jamais
todas as pessoas todo o tempo. Além disso, o “quádruplo processo
matastásico e septicêmico” que o capitalismo auto-desenvolveu –
dominação, exploração, ganância e exclusão desenfreadas – fatalmente o
levará à morte.
E que isso ocorra já, agora, deve ser desejo e meta de todos os explorados que habitam o nosso Planeta Terra!
“Explorados, uni-vos”...!
Luiz Carlos Correa Soares,
da direção do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR)
da direção do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR)
Fornte:http://www.brasildefato.com.br/node/7167
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