A
venda de terras a investidores internacionais está deixando populações
pobres ainda mais vulneráveis. A avaliação é da organização não
governamental (ONG) britânica Oxfam, que lançou nesta quinta-feirae (22)
o relatório Terra e Poder, que denuncia a falta de transparência na
exploração e grilagem internacional de terras em países emergentes.
Em
dez anos, pelo menos 227 milhões de hectares foram vendidos ou alugados
em países em desenvolvimento para grupos internacionais, segundo o
levantamento.
Em parte, o movimento de investidores
internacionais rumo a novas terras em países emergentes é explicado pela
crise mundial de alimentos em 2007-2008, que levou compradores a buscar
novas áreas para aumentar a produção ou simplesmente para especular no
mercado mundial.
O relatório Terra e Poder avalia episódios de
grilagem de terra feitos principalmente por investidores internacionais
que deixaram populações de países pobres em situação de miséria e
vulnerabilidade. O informe cita casos de efeitos negativos da venda de
terras sobre as populações locais em Uganda, na Indonésia, em Honduras e
na Guatemala.
Em Uganda, segundo a Oxfam, pelo menos 22,5 mil
pessoas perderam suas terras para dar lugar a uma empresa britânica que
explora madeira, a New Forest Company. O grupo é acusado de despejar
agricultores sem direito à compensação ou indenização. As famílias foram
deixadas sem casa, dinheiro e serviços de saúde. Algumas ficaram sem
condições de enviar os filhos à escola. A empresa nega as acusações.
Na
avaliação da Oxfam, se não forem tomadas medidas para evitar o avanço
da grilagem internacional de terras, a situação deve se agravar. Entre
os motivos para a piora do cenário, a Oxfam lista o aumento da demanda
por alimentos, dos impactos das mudanças climáticas, da escassez de água
e a competição por terras para produção de insumos para
biocombustíveis.
No documento, a organização sugere medidas como o
fortalecimento de políticas e regulamentações de posse de terras e a
garantia do direito à consulta das populações que serão afetadas com os
negócios.
Por Luana Lourenço
Fonte: Brasil de Fato
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