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"Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros". (Che Guevara)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Parabéns Secretário Estadual de Saúde


Em entrevista sobre o caso dos bebês mortos por falta de atendimento na Santa Casa, o Secretário de Estado de Saúde Pública do Pará, senhor Hélio Franco, como era de se esperar, deu a solução para a superlotação da maternidade: “A ordem é que atenda os pacientes aonde der, em cima da cadeira, no chão, é só colocar um travesseiro, o que não pode é recusar à prestar o atendimento”, disse o secretário.
Sinceramente fiquei comovido! Nunca vi tanto empenho na solução de um problema como nesse caso. O natural é que o governo demore dias para arrumar uma solução para os problemas da população, mas nesse caso foram muito ágeis.
Digam-me: Pra quê construir novas maternidades públicas, ou oferecer os serviços nos hospitais particulares através de convênios, se é mais fácil atender “aonde der”?
Senhor Hélio Fraco, essa foi uma sacada de mestre! E parabéns ao governador Simão Jatene que descobriu esse talento nato, capaz de resolver  problema crônico da super-lotação dos hospitais.
No primeiro momento os noticiários só frisaram na omissão em atender a mãe em trabalho de parto, e a maior parte da população só enxergou a falta de humanidade da doutora. Mas, temos que nos reter a outro problema bem maior. E por favor, não pensem que estou eximindo a médica de sua culpa por não prestar atendimento àquela mãe.
Quem depende de um leito num hospital público, sabe que conseguir uma vaga é questão de sorte ou apadrinhamento, pois não há vagas e nem um projeto sério visando o aumento do número de leitos ofertados.
Como conseqüência vemos doentes sendo atendidos nos corredores, uma incubadora com dois bebês, mães tendo filhos mortos por falta de atendimento, e entre outros centenas de casos que não são vinculados nos telejornais por se tornar banal e não dá mais audiência.
É bem mais fácil colocar os holofotes sobre a falta de atendimento dos servidores da saúde, desta forma tira-se o foco do verdadeiro problema, a falta de investimentos, que impossibilitam os trabalhadores de prestar um atendimento humanizado aos usuários.
Peço encarecidamente a quem puder avisar ao senhor Hélio Franco, que atendimento nos corredores e no chão já acontecem a muito tempo, e é por isso que os doentes estão morrendo por falta de uma estrutura mínima de atendimento.
Como usuários do sistema público de saúde, estamos convencidos que não é atendendo os pacientes de forma improvisada que será resolvido o problema da saúde. Mas, se o senhor Hélio Franco e todos que compõem o governo, fizerem o uso correto dos recursos públicos e investirem massivamente na saúde, não teremos mais repetição desse triste filme.

Por Paulo Villa Real
      Maria Fernanda Linhares

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