Quando comecei a compreender a vida, me falaram que eu vivia num país democrático. Perguntei então o que isso significava. Fizeram-me então acreditar num país que cuidaria de mim, zelando pelo meu bem-estar e garantindo os interesses coletivos, onde eu poderia sonhar. Não se esqueceram de dizer é claro, que eu teria obrigações com meu país.
Hoje, depois de crescido percebo que ou os adultos ao meu redor não enxergavam a realidade vivida por eles, ou, tentaram me poupar da cruel verdade naquele momento: democracia é uma invenção dos poderosos para desmobilizar a classe oprimida, passando a idéia de que apesar das adversidades todos tem oportunidades iguais.
Tenho plena clareza que vivenciamos uma DEMOCRACIA BURGUESA, um modelo de governo organizado com o único objetivo de garantir suporte para à classe rica (uma minoria) manter sob julgo a classe trabalhadora (a maioria). Tal sistema sustentado pela estrutura Estatal Capitalista, onde os “representantes do povo” no exercício de suas funções vendem favores e desviam recursos,limita a participação da população apenas na escolha dos governantes.
Numa democracia onde o interesse individual está acima de tudo duvido que haja oportunidades iguais, duvido que todos possam sonhar.
Quando vemos um filho de um trabalhador pobre ser aprovado num curso de medicina, por exemplo, numa Universidade pública, enchemos o peito de orgulho e dizemos: esse é o país das oportunidades. Mas não procuramos saber quantos filhos de trabalhadores ficaram de fora da Universidade por falta de vagas.
O mesmo acontece com a concentração de terra. É do conhecimento de todos que os donos das terras no Brasil é uma meia dúzia de empresário. Enquanto isso milhares de famílias não tem um pedaço de chão para produzir o que comer. E se alguém ousa ocupar essas terras que muita das vezes não cumprem sua função social, são expulsas pela justiça a base de muita violência.
A sociedade que me apresentaram quando eu era criança está somente no campo das idéias. Mas é uma sociedade totalmente possível de ser alcançada. É obrigação de cada um de nós garantirmos um país livre capaz de assistir todos os oprimidos, onde os sonhos possam ser realizados.
Por Paulo Villa Real
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