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domingo, 14 de agosto de 2011

E aí, vamos dividir o Pará?


Os paraenses, em Dezembro decidirão sobre a criação de dois novos Estados: Tapajós e Carajás. Será um momento inédito no nosso País, pois esse tipo decisão nunca foi feito através de plebiscito.
O que se dever por em questão é: a quem realmente interessa essa divisão?
Enumeremos algumas informações:
1.      Para o futuro estado do Tapajós os problemas das distâncias geográficas continuarão;
2.      Toda a população terá que pagar por  mais gastos por conta da criação do aparato burocrático dos novos estados;
3.      Tapajós e Carajás nasceram criando um déficit conjunto de 1,8 bilhão de reais anuais.
4.      Tal divisão parece ser tomada por ordem de pobreza, a região que formará o estado do Tapajós, em 2008 apresentou um PIB per capita de R$ 5.628, o que corresponde a 70% do PIB per capita paraense naquele ano. Enquanto Carajás, o valor chega a R$ 14.000, sendo 76% maior que o PIB do Pará.
Caso o povo aprove em plebiscito popular a criação dos novos estados, Carajás contará com uma área aproximada de 296 mil km² contra mais 700 mil km² de Tapajós. Em percentual de população Carajás ficaria com cerca de 23% do que é hoje o estado do Pará, e Tapajós 16%. Carajás, no entanto, herdaria as maiores reservas minerais e empreendimentos da região.
Segundo o jornalista e professor-doutor da Universidade Federal do Pará Manuel Dutra, o Pará remanescente não quer perder o que será o Estado do Carajás, uma vez que os recursos naturais presentes nessa região não são de pouca monta, é o lugar onde se encontra uma das maiores jazidas minerais do mundo. Já com Tapajós, ficaria apenas as minas de bauxita do Rio Norte (Oriximiná), de Juruti e a caixa de Pandora que é a Usina de Belo Monte.
O argumento do movimento separatista é de que com o Estado menor, será mais fácil chegar as políticas públicas nos diversos lugares com pouca ou nenhuma assistência por parte do Estado. Mas nenhum plano foi apresentado, garantindo melhorias na qualidade de vida de todo esse povo. No entanto uma questão que não é colocado à população, é o fato do surgimento de novos cartolas da política em toda essa região dividida. Novos manda-chuvas que usaram de suas influências para prenderem o povo com favores políticos.
Esta contribuição não é uma opinião com embasamentos robustos, mas sim apenas um exercício de fomentar na região o debate  em torno do assunto. Sinto que independentemente de ser contra ou a favor da criação dos novos estados, necessitamos de mais subsídios para a qualificação do discurso e uma melhor tomada de decisão. Com certeza estaremos outras vezes tratando desse assunto aqui, pois ele está longe de ser esgotado.

Por Maria Fernanda Linhares

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