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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Moradores dos baixões estão vendendo suas casas por medo de não serem indenizados na construção de Belo Monte



Que os moradores de Altamira já sentem na pele o impacto de Belo Monte, todos sabemos. O problema é a forma como cada um reage diante da situação.
Alguns decidem fazer o enfrentamento ao projeto, outros pelas condições históricas fornecidas pelo meio param suas vidas, ou entram em desespero se desfazendo dos poucos bens que têm.
Nesse contexto, o maior medo é de perder o maior bem conseguido como fruto da luta de toda uma vida, a casa.
Vendo toda a fragilidade desse povo desprovido de qualquer tipo de informação sincera por parte da NORTE ENERGIA, aparecem nesses baixões pessoas, sabe-se lá de onde vieram, comprando as casas dos moradores por preços totalmente irrisórios, onde os vendedores não terão a menor chance de comprar uma nova casa para sua família.
Segundo o Seu Erodilton, um morador do bairro Boa Esperança, que foi procurado por alguns homens não pertencentes ao bairro com proposta de comprar sua casa, a ação desses homens é uma afronta às pessoas pobres que não tem conhecimento: “Meu filho, eu não vendi e não vou vender minha casa, não saio daqui por nada. E pelo preços que eles me ofereceram não dá de comprar uma outra barraquinha pra mim morar.”
A pergunta que fica latente é: quem são essas pessoas que agora cumprem esse papel de expulsão dos moradores dos baixões de suas casas? E a custo de que estão fazendo isso?
Conversando com os populares do Bairro Boa Esperança não é difícil encontrar um pai ou mãe de família que foi assediado para vender sua residência. Esses “compradores” circulam de carro de rua em rua importunando os moradores, fazendo uma verdadeira tortura psicológica afim de alcançarem seus objetivos.
Assim o que vemos é homens e mulheres desfazendo de suas casas a preços baixíssimos, no pensamento de que ou é isso ou não receberão nada quando tiverem de sair quando as águas subirem.
É triste saber que há seres humanos que se organizam em quadrilhas se aproveitando do estado de fragilidade de um povo historicamente esquecido pelas instituições governamentais.
Por Paulo Villa Real

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