O jornalista Ruy Sposati, que trabalha para o movimento “Xingu Vivo
para Sempre”, sofreu ameaças de morte ao acompanhar nesta segunda-feira
(12) a demissão de 80 trabalhadores do Consórcio Construtor de Belo
Monte (CCBM), na rodovia Transamazônica, em Altamira (PA). Dois homens
não identificados se aproximaram do jornalista, do lado de fora do
prédio da CCBM, para ameaçá-lo.
De acordo com depoimento colhido pelo procurador Bruno Gütshow, do
Ministério Público Federal (MPF) do Pará, um dos homens chamou o
jornalista de “vagabundo”, e o outro o ameaçou de morte repetidamente.
As agressões voltaram a ocorrer quando Sposati estava registrando a
cena.
Repetindo os insultos, o primeiro homem afirmou que a policia não
poderia ser fotografada e tentou tomar o equipamento, o que não ocorreu
em função da interferência dos trabalhadores. Os policiais presentes
assistiram à cena e não interferiram, mesmo após serem interpelados pelo
jornalista.
Sposati tentou registrar boletim de ocorrência na polícia após o
ocorrido, mas o delegado de Altamira afirmou que estava com déficit de
escrivão, uma vez que ocorreram cinco homicídios de domingo para
segunda, e pediu gentilmente que retornasse nesta terça, às 8 horas da
manhã.
As ameaças ocorreram assim que o jornalista chegou no local, após ser
avisado por trabalhadores que homens da Polícia Militar (PM) estavam
escoltando trabalhadores do canteiro de obras da usina de Belo Monte
para serem demitidos no escritório do consórcio.
Segundo Sposati, um homem em uma caminhonete prata, o abordou com
agressividade, usando termos como “vagabundo” e “baderneiro”. “Eu vou te
matar é agora mesmo”, disse ao repórter.
Depois que se identificou como jornalista, ainda de acordo com o
depoimento prestado ao MPF-PA, o homem tentou arrancar a câmera
fotográfica das mãos de Sposati. A confusão só terminou com a
interferência dos próprios trabalhadores que aguardavam pagamento das
rescisões contratuais.
O jornalista não conseguiu registrar boletim de ocorrência na Polícia
Civil, mas fez a denúncia à Procuradoria da República em Altamira, que
encaminhou o caso para o Procurador-Geral de Justiça (do Ministério
Público Estadual) e para o Corregedor da Polícia Militar no Pará.
No depoimento, o jornalista assinalou que a caminhonete prateada, de
placas JUV-2118, de onde saiu o homem que fez as ameaças, foi
identificada posteriormente como de propriedade da PM.
A investigação sobre as ameaças deve ficar a cargo do MP Estadual
porque é da competência da Justiça Estadual e da Justiça Militar. E a
corregedoria da PM foi comunicada para que apure se pertence à
corporação o autor das ameaças e porque estava usando o carro oficial
nessas circunstâncias.
Por Altino Machado
Fonte:Blog da Amazônia
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