Não é só a hidrelétrica de Belo Monte que é alvo de protestos de
comunidades ribeirinhas no Pará. No sudeste do Estado, milhares de
famílias estão apreensivas com construção da usina de Marabá, no rio
Tocantins, prevista para ficar pronta em 2018.
Entre os afetados estão os cerca de mil moradores da Vila Espírito
Santo (a 30 km do centro de Marabá), comunidade tradicional que deverá
ser alagada com a construção da hidrelétrica.
A vila foi o único lugar de todo o sudeste do Pará que a reportagem
encontrou eleitores contrários à criação do Estado de Carajás. Na
comunidade, a maioria dos moradores é “filho da região”, diferentemente
do restante do sudeste paraense.
“Se dividir, vai piorar, principalmente para nós, que somos fracos.
Quem vota ‘sim’ é porque tem alguma saída se a coisa der errada com a
divisão. Agora, nós não temos para onde ir”, afirma o borracheiro e
pescador Antonio Feitosa, 34, morador de uma ilha do rio Tocantins.
O mecânico industrial Wilson Almeida da Silva, 30, presidente da
associação de moradores da vila, também desconfia da divisão. “Eu acho
melhor ficar como está. Alguns dizem que a divisão trará mais verba para
cá, mas isso não entra na minha cabeça”, diz.
Manoel Caetano de Jesus, 74, que deu as fazendas de gado aos filhos e
foi morar na beira do rio Tocantins, defende a criação de Carajás.
“Falavam que se dividisse Goiás, o Bico do Papagaio [extremo norte de
Tocantins] não iria valer nada, mas não é que ficou bom lá?”, afirma o
pecuarista, natural de Patos (MG).
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é só a hidrelétrica de Belo Monte que é alvo de protestos de
comunidades ribeirinhas no Pará. No sudeste do Estado, milhares de
famílias estão apreensivas com construção da usina de Marabá, no rio
Tocantins, prevista para ficar pronta em 2016. Entre os afetados estão
os cerca de mil moradores da Vila Espírito Santo (foto), comunidade
tradicional que deverá ser alagada com a construção da hidrelétrica Guilherme Balza/UOL
40 mil atingidos
O que é consenso na vila é o temor quanto à construção da hidrelétrica, que, segundo o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) irá afetar 40 mil pessoas em nove municípios do Pará, Maranhão e Tocantins, entre eles São João do Araguaia, cidade histórica que foi cenário da Guerrilha do Araguaia. A Eletronorte, responsável pela obra, afirma que não há como mensurar a quantidade de atingidos em razão de a obra estar na fase de estudos de viabilidade.Por Guilherme Balza
Fonte: UOL Notícias
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