O território brasileiro é uma das últimas fronteiras mundiais de
enorme patrimônio natural, representado por reservas de madeira, terra,
água doce, minérios, petróleo, gás, potencial energético de
hidrelétricas, eólicas, e potencial de agroenergia, representado pelos
óleos vegetais renováveis, de mamona, palma de dendê, tungue, pinhão
manso, assim como etanol de cana de açúcar.
Os
capitalistas sabem que todos os bens da natureza possuem um baixo valor,
medido pelo tempo necessário para extraí-los, e ao mesmo tempo quando
se transformam em mercadorias, por serem limitados, adquirem um preço no
mercado bem acima do seu valor real. A diferença entre o valor real e o
preço de mercado é que se forma uma enorme taxa de lucro
extraordinário.
Por isso, todos eles sempre procuram
aplicar seus capitais voláteis, fictícios e especulativos em bens da
natureza. Agora, com a crise internacional do capitalismo, dominada pelo
capital financeiro e pelas empresas transnacionais, estão vindo com
maior sede ainda ao “pote brasileiro”, para se proteger da destruição
que a crise provoca e para se preparar para ter enormes margens de lucro
na retomada do processo de acumulação de capital.
Estima-se
que desde 2008, com o estalar da crise internacional, tenham entrado no
Brasil ao redor de 70 bilhões de dólares por ano, que foram aplicados
em patrimônio natural.
Porém, no país havia ainda
algumas barreiras a essa sanha incontrolável do capital internacional.
As reservas indígenas, as áreas de quilombolas, as restrições ao volume
de terra a ser adquirido por empresa estrangeira e as regras do atual
Código Florestal que impedem o livre arbítrio do capital financeiro e
estrangeiro.
Diante disso, se formou um pacto da
classe dominante, representado pela aliança entre os grandes
proprietários de terra, as empresas transnacionais do agro, o capital
financeiro (nacional e internacional), as empresas da mídia burguesa e
seus parlamentares no Congresso. Essa aliança gerou uma hegemonia no
congresso e nos meios de comunicação, para frear a legalização das
terras indígenas e quilombolas e fazer mudanças urgentes no código
florestal.
Nessa semana, mais um capítulo dessa
vergonhosa novela de manipulação e servidão das classes dominantes
brasileiras aos interesses estrangeiros. Será votado o relatório das
mudanças do Código Florestal no senado. No inicio, achava-se que os
senadores teriam mais dignidade em frear o ímpeto dos capitalistas e
respeitariam a vontade da sociedade brasileira em não fragilizar a lei
atual. Ledo engano. As articulações e artimanhas da pequena política
deixaram o governo paralisado e refém de uma base parlamentar que só
representa os interesses de seus financiadores: os empresários. Todas as
mudanças que eles queriam e que foram sistematizadas pelo então “nobre
deputado ex-comunista” Aldo Rebelo, foram mantidas no
senado.
Em contraposição, formou-se uma frente
ampla em defesa da natureza, formada pelas igrejas cristãs,
ambientalistas, movimentos sociais, entidades, sindicatos, centrais
sindicais, OAB, com alguns senadores progressistas e nacionalistas. Nada
foi suficiente para frear os “nobres” senadores vende-pátria, que só
pensam em suas medíocres carreiras de servidão.
O novo
Código será votado no Senado, referendando as mudanças da Câmara. Vão
eliminar a necessidade de reserva legal na Amazônia até 400 hectares, o
que significa que um latifundiário que tenha 1500 hectares pode dividir,
no papel, sua área em quatro lotes e desmatar tudo. Assim, derrotam o
limite atual de 80% de reserva. No cerrado acontecerá o mesmo. A famosa
senadora ruralista, rainha da moto-serra, foi até os Estados Unidos
proclamar que com essas mudanças o pacto do capital poderá se apropriar
de mais 80 milhões de hectares de terras na Amazônia e cerrado para
produção de commodities agrícolas!
A frente
ampla em defesa do meio ambiente e florestas organizou uma plataforma
mínima, unitária e está colhendo assinaturas para pedir que a presidenta
Dilma honre seus compromissos de campanha e vete pelo menos aqueles
artigos que representam uma afronta à consciência ecológica da sociedade
brasileira.
Oxalá, a presidenta tenha coragem de
enfrentar sua falsa base parlamentar, que apenas apóia o governo naquilo
que interessa ao capital, e por isso continua também vetando o projeto
da redução da jornada de trabalho, o projeto de proibição de trabalho
escravo, etc.
Certamente a natureza e a história
cobrarão caro daqueles que hoje se omitem ou desvergonhadamente pensam
apenas na apropriação privada dos bens da natureza, no lucro fácil,
independente das conseqüências que o desequilíbrio do meio ambiente
trará a todo povo brasileiro.
O jornal Brasil de Fato se
somou ao comitê em defesa das florestas. Por isso, fizemos uma edição
especial sobre o Código Florestal, que está disponível em nossa página
na internet. Milhares de exemplares foram impressos e estão sendo
distribuídos para a população. Assim, nos somamos a essa luta. Cumprimos
com nosso papel. Estaremos sempre do lado das causas do povo
brasileiro.
Fonte: Brasil de Fato
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