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"Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros". (Che Guevara)

sábado, 19 de novembro de 2011

Devo me vestir assim?


Que liberdade cada um tem sobre o seu corpo? Posso vestir-me da maneira como realmente gosto? Posso manter meu cabelo cacheado?
Tais indagações vêm por conseqüência de uma postagem que vi no facebook, onde uma moça dizia ter sido chamada de lésbica pelo fato de não andar de acordo com os padrões impostos às mulheres da nossa sociedade (unhas pintadas, maquiagem, salto alto,etc.).
É impressionante esse imperativo de definição do que a pessoa é através de suas vestes! É impressionante que quanto mais se impõe o ideal de autonomia individual, mais aumenta a exigência de concordância aos modelos sociais do corpo.
Viver subordinada às imposições da moda, das leis regidas por mentes mesquinhas, alienantes e alienadas é abdicar de externar quem realmente somos, é um suicídio da personalidade, do que realmente nos diferencia uma das outras.
Se eu me maquiar, pintar minhas unhas, usar um salto alto, um vestido, tem que ser porque eu quero, porque eu gosto, porque me sentirei bem. Jamais porque tenho que está “apresentável” à sociedade.
Vivemos numa sociedade patriarcal, onde a mentalidade é que a mulher que se veste “bem”, segundo os padrões, é SANTA, as que fazem o contrário ou são PUTAS ou LÉSBICAS. Acoplado a isso vem à idéia incessante de busca à beleza, pois o capitalismo neoliberal tomou conta de corações e mentes com seu consumismo individualista e seus Big Brothers do culto ao corpo e suas idéias ocas.  Neste sentido, Gonçalves Junior, Ramos e Couto (2003) destaca que, na sociedade contemporânea tem-se dicotomizado o ser do corpo e o corpo de suas extensões, ajustando o corpo à máquina e ao tempo mecânico. Percebemos ainda, na atualidade, compulsividade a um modelo 'ideal' de corpo, um corpo-mercadoria, fomentado e homogeneizado pelos meios de comunicação de massa em detrimento do corpo-próprio.
Quanto mais às mulheres cedem aos desejos do capital mais distante fica de alcançar sua autonomia, de ser felizes, pois quem é feliz se não tem o direito de vestir, de fazer do seu corpo o que realmente quer? O fim da submissão feminina passa por essas coisas que em primeiro momento parece ser pequena, mas se observamos com cuidado é justamente o que garante a opressão das mulheres.
p.s. Detesto batom.
Por Maria Fernanda Linhares

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