Que liberdade cada um tem sobre o seu corpo? Posso
vestir-me da maneira como realmente gosto? Posso manter meu cabelo cacheado?
Tais indagações vêm por conseqüência de uma
postagem que vi no facebook, onde uma moça dizia ter sido chamada de lésbica
pelo fato de não andar de acordo com os padrões impostos às mulheres da nossa
sociedade (unhas pintadas, maquiagem, salto alto,etc.).
É impressionante esse imperativo de definição
do que a pessoa é através de suas vestes! É impressionante que quanto mais se
impõe o ideal de autonomia individual, mais aumenta a exigência de concordância
aos modelos sociais do corpo.
Viver subordinada às imposições da moda, das
leis regidas por mentes mesquinhas, alienantes e alienadas é abdicar de
externar quem realmente somos, é um suicídio da personalidade, do que realmente
nos diferencia uma das outras.
Se eu me maquiar, pintar minhas unhas, usar um
salto alto, um vestido, tem que ser porque eu quero, porque eu gosto, porque me
sentirei bem. Jamais porque tenho que está “apresentável” à sociedade.
Vivemos numa sociedade patriarcal, onde a
mentalidade é que a mulher que se veste “bem”, segundo os padrões, é SANTA, as
que fazem o contrário ou são PUTAS ou LÉSBICAS. Acoplado a isso vem à idéia
incessante de busca à beleza, pois o capitalismo neoliberal tomou conta de
corações e mentes com seu consumismo individualista e seus Big Brothers do
culto ao corpo e suas idéias ocas. Neste sentido, Gonçalves Junior, Ramos
e Couto (2003) destaca que, na sociedade contemporânea tem-se dicotomizado o
ser do corpo e o corpo de suas extensões, ajustando o corpo à máquina e ao
tempo mecânico. Percebemos ainda, na atualidade, compulsividade a um modelo
'ideal' de corpo, um corpo-mercadoria, fomentado e homogeneizado pelos meios de
comunicação de massa em detrimento do corpo-próprio.
Quanto mais às mulheres cedem aos desejos do
capital mais distante fica de alcançar sua autonomia, de ser felizes, pois quem
é feliz se não tem o direito de vestir, de fazer do seu corpo o que realmente
quer? O fim da submissão feminina passa por essas coisas que em primeiro
momento parece ser pequena, mas se observamos com cuidado é justamente o que
garante a opressão das mulheres.
p.s. Detesto batom.
Por Maria Fernanda Linhares
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