Após duas semanas de desgaste por suspeitas de
irregularidades no Ministério do Esporte, o titular da pasta, Orlando
Silva, entregou seu pedido de demissão à presidenta Dilma Rousseff nesta
quarta-feira (26). A saída foi confirmada pelo ministro da Secretaria
Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, mas ainda não é dada como
definida pela assessoria de imprensa do ministério. Ele é o sexto a
deixar a Esplanada dos Ministérios em dez meses de governo, na oitava
mudança de cadeiras. Dessas, cinco envolveram denúncias de corrupção ou
tráfico de influência.
O sucessor deve ser indicado pelo PCdoB, partido de Orlando Silva.
Waldemar Manoel Silva de Souza, secretário-executivo da pasta, deve ser
mantido como ministro interino. Ele e o presidente da legenda, Renato
Rabelo, estão em reunião com a presidenta no final da tarde desta
quarta. Apesar de um encontro ter acontecido na última sexta-feira (21),
o fato de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter aceito pedido de
abertura de inquérito contra o ministro na terça (25) serviu como gota
d'água para os comunistas decidirem deixar de apoiar a permanência na
pasta.
Apesar da queda, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel,
autor do pedido de investigação, afirmou que a necessidade do inquérito é
mantida mesmo com o afastamento. A declaração foi feita antes da
confirmação do pedido de demissão. Para ele, há indícios de "sérios
problemas de irregularidades em todo o país" no programa Segundo Tempo,
principal alvo das denúncias.
Nos últimos seis meses, pelo menos um nome deixou o primeiro escalão
do governo após ser citado em suspeitas de corrupção. Antonio Palocci
(Casa Civil), em junho, seguindo Alfredo Nascimento (senador do PR-AM),
em julho, de Wagner Rossi (PMDB), da Agricultura, em agosto, e Pedro
Novais (deputado federal do PMDB-MA), do Turismo. Em agosto, Nelson
Jobim, também do PMDB, afastou-se da Defesa por desgaste político. Ideli
Salvatti e Luiz Sérgio trocaram de cadeiras, permanecendo atualmente na
Secretaria de Relações Institucionais e no Ministério da Pesca,
respectivamente.
De todas as quedas, apenas Palocci é do PT. Os demais são de partidos
aliados, formando a coalizão que concedeu à presidenta a maior base de
sustentação no Congresso Nacional desde a redemocratização. Apesar
disso, Orlando Silva é o primeiro de partidos à esquerda da base aliada.
Orlando Silva
Antes de ser ministro, Orlando Silva foi secretário nacional de
Esporte na gestão de Agnelo Queiroz, atualmente no PT e governador do
Distrito Federal, secretário nacional de Esporte Educacional e
secretário-executivo do Ministério do Esporte durante primeiro mandato
do governo Lula. E assumiu o ministério em 2006, justamente no posto de
Queiroz.
Não foram divulgadas informações sobre a permanência de Orlando nos
conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Ibero-Americano do
Esporte (CID), Sul-Americano do Esporte (Consude), e na presidência do
Conselho Americano do Esporte (Cade).
No final de 2007, Orlando Silva havia sido citado no caso de gastos
irregulares com cartões de crédito corporativos do governo federal. O
ministro teria feito pagamentos em restaurantes em dias que não tinha
compromissos oficiais. O desencontro, seria, no entanto, fruto de
problemas na divulgação da agenda. Mesmo tendo sido isentado no
relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que
investigou o tema.
Soteropolitano, formado em Direito e em Ciências Sociais, foi
militante estudantil e chegou a presidir a União Nacional dos Estudantes
(UNE) de 1995 a 1997. Logo após a posse, ele entrou em polêmica ao
criticar o então ministro do Planejamento, José Serra (que na década de
60 ocupou a chefia da UNE, período em que o prédio dos estudantes foi
invadido e incendiado pelos militares). “Ele (Serra) retrocedeu, mudou
para pior e hoje compactua com os interesses dos que queimaram a UNE”,
Silva afirmou, em junho de 1995.
Ele também participou da Juventude Socialista (UJS) e da Federação Mundial das Juventudes Democráticas (FMJD), nos anos 1990.
Fonte: Rede Brasil Atual
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