O governo está praticamente decidido a prorrogar por um período de 30 anosas concessões de usinas hidrelétricas, distribuidoras de energia e linhas detransmissão que vencem em 2015, faltando apenas o aval da presidente DilmaRousseff. Haverá a exigência de desconto nas tarifas. A possibilidade denova licitação dos ativos foi descartada. Dilma pretende resolver o assuntoainda neste semestre.Diferentemente do esperado, a solução para as concessões não virá por meiode Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nem por Medida Provisória (MP),mas por projeto de lei com regime de urgência. Na avaliação do governo, nãohá entrave constitucional para resolver a questão e nem necessidade devalidação imediata da prorrogação, o que justificaria a edição de uma MP.O governo está com uma decisão praticamente tomada sobre as concessões dosetor elétrico, dependendo apenas de um aval da presidente Dilma Rousseff.As concessões de usinas hidrelétricas, distribuidoras de energia e linhas detransmissão que vencem em 2015 serão prorrogadas por um período de 30 anos,segundo um auxiliar direto da presidente. Dilma pretende resolver o assuntono primeiro semestre.A possibilidade de relicitação dos ativos, que voltam às mãos da União com ofim dos atuais contratos, foi descartada. Após o leilão dos aeroportos, comágio médio de 347%, o governo vê as concessões do setor elétrico como umadas maiores pendências a serem resolvidas, na área de infraestrutura, nospróximos meses.Diferentemente do que se esperava, a solução para as concessões não virá pormeio de proposta de emenda constitucional (PEC) nem por medida provisória(MP), mas por um projeto de lei em regime de urgência. Na avaliação dogoverno, não há entrave constitucional para resolver a questão e nem anecessidade de que a prorrogação esteja valendo imediatamente, o quejustificaria a edição de uma MP.Por isso, avalia-se que o melhor caminho é enviar ao Congresso um projeto delei em caráter de urgência, que tem 45 dias para ser votado em cada uma dascasas legislativas - Câmara e Senado - antes de trancar a pauta. Atramitação é a mesma de uma medida provisória. A única diferença é que a MPtem vigência imediata. Até agora, a decisão é por um projeto de lei enxuto,que trate exclusivamente de prorrogar as concessões.Todas as condições sobre a prorrogação deverão ficar mais para a frente,quando a lei for regulamentada, por meio de decreto presidencial. Essascondições englobam o ponto mais sensível das discussões: o desconto nastarifas que as atuais concessionárias precisarão oferecer para continuar comseus negócios.Por temer que a tramitação no Congresso fuja de controle e a redação finalganhe contornos indesejados - devido ao lobby do setor elétrico -, o governoprefere deixar todos os detalhes para a fase de regulamentação. Pesa ainda ofato que o assunto deve estar resolvido ainda em 2012, mas os cálculos paradefinir quanto as tarifas vão cair não estão concluídos. "O ganho para amodicidade tarifária está sendo calculado pela Aneel", afirma um assessor dapresidente.No fim do ano passado, a agência reguladora informou ao Tribunal de Contasda União (TCU) que os investimentos não amortizados das concessões elétricascom vencimento em 2015 atingem R$ 47,1 bilhões e podem gerar indenizaçõesdesse montante, caso não sejam prorrogadas.No total, 20.206 megawatts (MW) de geração, 80.233 quilômetros de linhas detransmissão e 37 distribuidoras têm contratos prestes a vencer. Issorepresenta 18% do parque gerador do país, 84% da malha de transmissão e 23%da energia comercializada. A empresa mais prejudicada é a Eletrobras. Apaulista Cesp, a mineira Cemig, a paranaense Copel e a gaúcha CEEE tambémtêm concessões perto de expirar.A conta bilionária comunicada pela Aneel ao TCU é apenas uma somatória dosinvestimentos não amortizados, segundo o cálculo das concessionárias. Antesde definir os descontos que serão aplicados às tarifas atuais para prorrogaros contratos, a agência fará uma espécie de auditoria nos números, chegandoa um valor - conforme já avisa um diretor da Aneel - consideravelmente maisbaixo.Se confirmada, a decisão de "enxugar" o projeto de lei tratando dasconcessões deverá irritar muitos parlamentares, que querem debater ascondições impostas para a prorrogação. "Seria um cheque em branco, que asociedade não pode dar", diz o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), um dosprincipais especialistas no assunto, no Congresso. "O governo já demoroudemais para definir a questão das concessões. O fundamental, agora, éaproveitar a possibilidade de renovação para assegurar um ganhosignificativo para as tarifas."Com três projetos de autores diferentes em tramitação no Congresso, paratratar desse assunto, Jardim fez recentemente um pedido formal para ainstalação de uma comissão especial na Câmara. Isso possibilitaria, pelomenos, aprofundar as discussões, argumenta o deputado.Simulações feitas pela Abrace, a associação de grandes consumidoresindustriais de energia, apontam que pode haver economia de R$ 15 bilhões porano nas tarifas elétricas. Outros números, que circularam recentemente nogoverno, indicam a possibilidade de redução em pelo menos 25% no valor domegawatt-hora das usinas com concessões vencendo em 2015. Hoje suas tarifasestão em torno de R$ 100.Já o impacto para os consumidores será muito menor, pois a prorrogaçãoatingirá menos de 20% de toda a energia gerada no país. Além disso, quasemetade das contas de luz residenciais é formada por impostos e encargossetoriais, como CCC e CDE, usadas para motivos tão diversos quanto ofinanciamento do programa Luz para Todos e o subsídio a consumidores daregião Norte, ainda não totalmente interligada ao sistema nacional.O presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de EnergiaElétrica (Abraceel), Reginaldo Medeiros, pede que haja isonomia notratamento ao mercado livre. Cerca de 28% da energia produzida no país vaipara consumidores livres. Por terem demanda superior a 3 MW, eles nãoprecisam comprar exclusivamente das distribuidoras das áreas onde atuam.Para a Abraceel, o essencial é que a redução de tarifas com a prorrogaçãodas concessões não afete somente o mercado das distribuidoras, mas que essaenergia mais barata seja dividida em partes iguais com o mercado livre.Por Daniel RittnerFonte: Valor Economico
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
União renovará concessões de energia com tarifa menor
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