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"Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros". (Che Guevara)

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Quando a violência bate à porta


- Mataram uma menina de apenas 14 anos, com um tiro na cabeça.
- Meu Deus! Aonde foi? - Perguntou Fernando, um jovem universitário à sua namorada.
- No baixão, ali na região dos alagados.- Respondeu Bruna, a namorada.
-Ah, no baixão! Nossa gatinha, meu dia hoje foi muito cansativo...
O diálogo transcrito acima explicita o quanto a  violência impacta somente quando acontece em determinadas regiões.
Nas periferias, não é noticia comentada, ninguém se assusta. E porque será?
Penso que é porque ali as pessoas já vivem fadadas a conviver num holocausto diário, sem qualquer interesse de políticas públicas voltadas à segurança.
Todos nos bairros pobres das cidades, foram forçados a se acostumar com os assassinatos, roubos, arrombamentos, brigas diariamente. Tanto é verdade que o susto das tragédias dura por alguns minutos, depois tudo volta ao normal até o próximo fato.
Nisso, a vida da cidade passa dia após dia como se tudo estivesse bem. Até que a violência rompe os muros do gueto e bate na porta dos ricos, guardados atrás de grades e muros.
Só aí, então a cidade desperta para o problema. Como que se todos os fatos acontecidos antes, todas as vidas levada, não fossem de gente também. Só agora a violência existe. Por que atingiu um figurão muito conhecido na cidade.
- Vamos fazer caminhada para protestar contra a violência que agora tá demais!- Fala o homem indignado.
Agora? Como assim cara pálida?! Já estamos em estado de guerra há muito tempo. Vocês não vêem, pois têm muros, cercas elétricas, alarmes, carros blindados e seguranças. Nós, o povo, vivemos reféns disso tudo desde sempre.
Sou solidário a todas as vitimas da violência, seja rico ou pobre. Só não venha me dizer que só agora estamos inseguros. Nós temos é cerca, e entre uma ripa e outra dá de ver tudo. Vocês têm muro, e só vêem vocês mesmos.
Comentem também a forma brutal como são assassinado os pais e mães de famílias; falem das mães que perdem o sentido de vida quando perdem seus filhos para a violência. Chorem as dores dos favelados que sofrem diariamente pela falta de segurança.

Por Maria Fernanda Linhares

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