- Mataram uma menina de apenas 14 anos, com um tiro
na cabeça.
- Meu Deus! Aonde foi? - Perguntou
Fernando, um jovem universitário à sua namorada.
- No baixão, ali na região dos
alagados.- Respondeu Bruna, a namorada.
-Ah, no baixão! Nossa gatinha, meu
dia hoje foi muito cansativo...
O diálogo transcrito acima
explicita o quanto a violência impacta
somente quando acontece em determinadas regiões.
Nas periferias, não é noticia comentada,
ninguém se assusta. E porque será?
Penso que é porque ali as pessoas já
vivem fadadas a conviver num holocausto diário, sem
qualquer interesse de políticas públicas voltadas à segurança.
Todos nos bairros pobres das cidades,
foram forçados a se acostumar com os assassinatos, roubos,
arrombamentos, brigas diariamente. Tanto é verdade que o
susto das tragédias dura por alguns minutos, depois tudo volta ao normal
até o próximo fato.
Nisso, a vida da cidade passa dia
após dia como se tudo estivesse bem. Até que a violência rompe
os muros do gueto e bate na porta dos ricos, guardados atrás de grades e
muros.
Só aí, então a cidade desperta para o
problema. Como que se todos os fatos acontecidos antes, todas as
vidas levada, não fossem de gente também. Só agora a
violência existe. Por que atingiu um figurão muito conhecido na
cidade.
- Vamos fazer caminhada
para protestar contra a violência que agora tá demais!- Fala o homem
indignado.
Agora? Como assim cara
pálida?! Já estamos em estado de guerra há muito tempo. Vocês não vêem,
pois têm muros, cercas elétricas, alarmes, carros
blindados e seguranças. Nós, o povo, vivemos reféns disso tudo desde sempre.
Sou solidário a todas as vitimas
da violência, seja rico ou pobre. Só não venha me dizer que só agora
estamos inseguros. Nós temos é cerca, e entre uma ripa e
outra dá de ver tudo. Vocês têm muro, e só vêem vocês mesmos.
Comentem também a forma
brutal como são assassinado os pais e mães de famílias; falem
das mães que perdem o sentido de vida quando perdem seus
filhos para a violência. Chorem as dores dos favelados que sofrem
diariamente pela falta de segurança.
Por Maria Fernanda Linhares
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