Representantes de trabalhadores de Assurini, município de
Altamira, uma região de aproximadamente 30 mil pessoas, foram ao escritório da Norte
Energia, no dia 13/2, pedir esclarecimentos sobre Belo Monte. Segundo
informaram, a região é atingida pela barragem e eles carecem de informações
elementares. “A empresa força a gente a assinar documentos, ameaçando e dizendo
que, ‘se não concordam, a Norte Energia tem outros meios’”. Uma funcionária do
escritório da Norte Energia chegou a despedir os trabalhadores, dizendo que deveriam
voltar às suas casas, fazer um ofício e enviá-lo, solicitando reunião, e que isso
eram ordens de seus superiores. Os camponeses tinham se levantado de madrugada,
andado mais de 40 km em estrada de chão e, por isso, resistiram, até serem
atendidos depois de mais de uma hora de espera.
Domingos Souza Matos, um dos trabalhadores atingidos, não
gostou da recepção no escritório central da Norte Energia: ‘nós fomos muito mal
recebidos, não temos acesso. Estamos prejudicados, eu com meus filhos, meus
netos. As 6 mil famílias estão no caminho de grande perigo, e não temos
explicação’.
Os trabalhadores buscam informações sobre o limite da água do
lago, as propostas de negociação da empresa, a situação das áreas
remanescentes, e sobre os impactos negativos de Belo Monte sobre as 30 mil
pessoas que moram em Assurini. Eles questionam, também, a exclusão das famílias
atingidas por Belo Monte do Programa Luz Para Todos, e criticaram a empresa por
ter iniciado a construção da barragem sem saber até onde as águas serão
represadas. Querem, ainda, políticas públicas para a região, em especial nas
áreas de educação, saúde e locomoção. Reivindicam, também, solução na travessia
do Xingu para acesso à sede do município. Hoje eles são obrigados a pagar taxas
exorbitantes numa balsa de concessão privada. ‘Hoje eu pago 40 reais para vir e
voltar da comunidade do Espelho até Altamira. O motorista me falou que sem a
balsa a passagem ficaria em 30 reais’, afirmou Cajá.
Edson, gerente do setor de aquisição de terras da Norte
Energia, disse que ameaça a famílias não será tolerado, e ainda disse que não
faz sentido o atingido ser excluído da energia: ‘tem que ser o contrário, a
vida das pessoas precisa melhorar’, argumentou. Quanto ao nivelamento do lago
somente agora, com prazo até final do ano para término dos trabalhos, ele acha
normal: ‘estamos adiantado três anos. Esse trabalho poderia ser feito no final
de 2014, pois o lago da barragem só vai encher em janeiro de 2015’.
O MAB repudia essa posição da Norte Energia, que inverte a
lógica do licenciamento. ‘Se é assim, não precisa de estudos e o rima com as
condicionantes podem ser rasgados; basta fazer o muro, fechar a água e, depois
do lago cheio, vê o que faz com as famílias, reagiu um militante.
Reunião
Insatisfeitos com a empresa, os trabalhadores reivindicaram
uma reunião da Norte Energia com as famílias da região de Assurini, que ficou
marcada para o dia 28 de fevereiro, na Agrovila sol Nascente.
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