Cento e vinte famílias, em torno de 500 pessoas, atingidas pela enchente antecipada do Xingu, agravada pelo desvio do rio iniciado no início de janeiro pela Norte Energia, serão alojadas no Parque de Exposições. Algumas estão no Parque desde o dia 30 de janeiro. A Prefeitura está buscando providenciar outros abrigos para não se repetir o que teria ocorrido em anos passados, com mil famílias no Parque. A situação das famílias que sofrem um deslocamento involuntário para fugir das águas está crítica. Havia promessas de cestas básicas, mas até agora o alimento não chegou: 'Deparamos com algumas famílias sem o que comer, e até agora não chegou nenhuma cesta do poder público', afirmou Fabiano Vitoriano, da coordenação estadual do MAB.
A estrutura geral do acampamento, que pode durar até maio, é muito precária. As famílias estão tendo problema com água. 'Existe um poço, mas a água tem uma espécie de óleo, a gente não sabe o quê. E falam que o caminhão pipa, que abastece o acampamento, busca água no Igarapé Ambé', afirmam as familias acampadas. Em todo o acampamento existem apenas 9 vasos sanitários e falta material de limpeza. Falta ainda uma equipe de asssitência efetiva às famílias, incluindo médicos, enfermeiros, psicólogos. O acampamento carece, também, de uma equipe de coordenação do espaço. As crianças que estudam e as pessoas que trabalham têm problema com transporte.
Uma grande preocupação no momento é com as crianças, que são muitas. Representantes do Conselho Tutelar fizeram uma visita ao acampamento no dia 8 de fevereiro, procurarão acompanhar e garantir que as crianças e adolescentes tenham seus direitos plenamente respeitados. Há, ainda, muitos idosos e algumas pessoas doentes no local que inspiram cuidados especiais.
A Norte Energia reconheceu em nota pública que está realizando o desvio do rio no inverno, mas se exime de sua responsabilidade, afirmando que a enchente não está associada ao desvio do Xingu. O MAB e a grande maioria das famílias não concordam com essa versão da empresa. O Movimento ainda repudia a frieza e despreso com que a Norte Energia trata o povo.
Fonte: Movimento dos Atingidos por Barragens
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