Na noite desta terça-feira (09), dezenas de fazendeiros e pistoleiros, fortemente armados, atacaram o acampamento do MST Frei Henri, no município de Curionópolis, no Pará. Muitos tiros de armas de fogo foram disparados na direção do acampamento e alguns barracos construídos no meio das roças, próximos ao acampamento, foram incendiados. A ação violenta dos fazendeiros e pistoleiros causou pânico entre as famílias no meio da noite.
À tarde, o Relator do Direito Humano a Terra, Território e Alimentação, Sérgio Sauer - que está na região desde a última segunda-feira realizando uma missão que investiga denúncias de violações dos direitos de trabalhadores rurais - visitou o acampamento.
O acampamento Frei Henri está localizado em terra pública federal na margem da rodovia PA-275, que liga os municípios de Curionópolis a Parauapebas. Há três anos, 280 famílias vivem no local, que estava ocupada ilegalmente por um fazendeiro de Parauapebas.
Os pistoleiros cercam o acampamento desde a última sexta-feira (05), quando os trabalhadores rurais começaram a preparar a terra para o plantio de mandioca, arroz, feijão, milho e hortaliças. Durante a noite, pelo menos 20 homens armados mantêm a área cercada.
Devido à ação violenta dos fazendeiros e a ameaça de ataque ao acampamento, as famílias interditaram, desde a noite desta terça-feira, a rodovia que liga Curionópolis a Parauapebas.
Grilagem
No início da ocupação, o pecuarista ainda tentou regularizar o imóvel em nome de sua filha, mas o programa Terra Legal negou o pedido, já que ela já era proprietária de outro imóvel numa área de Assentamento no município.
No início da ocupação, a então juíza da Vara Agrária deferiu medida liminar em favor do fazendeiro autorizando o despejo das famílias. No entanto, tão logo o programa Terra Legal informou que o imóvel está em terra pública federal e que, portanto, não pode ser regularizado em nome da filha do fazendeiro, os advogados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) ingressaram com pedido de revogação da liminar perante a Vara Agrária e perante o Tribunal de Justiça do Estado. Os pedidos, no entanto, ainda não foram decididos.
Frente à situação, em nota os Sem Terra exigem que os policiais da Delegacia de Conflitos Agrários investigue a ação violenta dos fazendeiros e pistoleiros, apreendam as armas em poder do grupo criminoso e efetue a prisão dos responsáveis.
Também pedem que o (Incra) ingresse urgentemente com ação de retomada da terra pública e libere a área para que as famílias possam morar e produzir em paz, além da investigação por parte do Ministério Público Federal sobre prática do crime de ocupação ilegal de terra pública pelo fazendeiro.
Nesta quarta, a Relatoria do Direito a Terra está reunida com representantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), do MST, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), do Ministério Público Federal e da Vara Agrária para apresentar as denúncias e cobrar soluções por parte do poder público.
POR MST
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